Com o tema “Infinito particular”, a 31º edição da CasaCor Rio abre hoje ao público, no Palacete dos Brando Barbosa – Jardim Botânico. O tema desse ano é uma alusão às mudanças trazidas pela pandemia na forma de viver e morar, novas prioridades e formas de aproveitar o espaço. A mostra, que se estende até 26 de junho, apresenta 45 espaços assinados, com um certo ar contemporâneo, roubando a cena em uma interessante mistura com o clássico e com obras de arte como papel principal.
Conheça os destaques dessa edição, pelo olhar da equipe do Radar Decoração:
Acima, O Living da Fonte por Paola Ribeiro (foto de capa)
Um dos espaços mais lindos da casa, o Living da Fonte projetado por Paola Ribeiro e pensado para abrigar encontros, refeições, momentos de leitura, descanso e lazer. Paola trouxe muita cor e irreverência para o contraste desse ambiente, criando treliças e uma espécie de boiserie na parede, formando molduras para destacar obras, entre a “Esfera” de Maria Lynch, as maçãs de Patrizia D’Angello e dois quadros de Zemog, feitos com embalagens dos anos 1960 da Gillette.
Seguindo a paleta de cores da sala, que tem teto trabalhado com molduras e sancas, o espaço traz a Trilha Verde, da Coral (um tom ciano) em painéis, treliças e tapetes, mas também muito branco nos tecidos, móveis e objetos de estilo contemporâneo, como a estante de Naoto Fukasawa. Uma forma de trazer leveza ao espaço e integrá-lo ainda mais ao Pátio da Fonte, logo em frente. @paolaribeiroarqinteriores foto: @andrenazarethfoto
Acima, A Casa Migrante por João Panaggio
O nomadismo inspirou João Panaggio a projetar a Casa Migrante, um espaço de 100m2 construído do zero, nos jardins do palacete, a partir de uma estrutura metálica para ser uma residência de fim de semana que poderá ser desmontada ao final do evento e “experimentada” em novos lugares.
Após fazer o percurso do paisagismo externo (assinado por Catê Poli @cate_poli_paisagismo) em torno de um espelho d’água em forma de raia , o visitante é convidado a entrar em uma grande “caixa”, repleta de vãos e painéis de vidro que deixam a farta vegetação ao redor ao alcance dos olhos, em qualquer canto da casa.
Internamente, Panaggio projetou, no mesmo plano, a sala, a cozinha e o quarto de dormir – este último, delimitado por uma divisória em semi-círculo de madeira “trançada”, que vai do piso ao teto, alinhada com uma imensa claraboia de 2,1m de diâmetro, sob a qual repousa uma cama de casal. No banheiro, uma parede de vidro transparente separa o jardim externo da área molhada onde ficam a banheira de imersão e dois chuveiros fixados no teto.
O projeto também é rico em materiais naturais, como cambraia de linho, madeira e pedras, e a decoração, de estilo minimalista, aposta em uma paleta de tons neutros., com móveis de design assinado da Lider (@liderinteriores) no interior da casa e móveis da Tidelli (@tidellirio) no jardim da entrada. “Todas as paredes internas e externas e também as portas foram revestidas no mesmo material, uma textura artesanal feita com restos de obras”, revela o arquiteto. “O método construtivo rápido e transportável permite que Casa Migrante atenda a diferentes demandas de moradias, seja na serra, na praia, na floresta ou até mesmo no cenário urbano, sobre um edifício já construído”, finaliza Panaggio. @joaopanaggio – foto: @DenilsonMachadoMCA, do @mca_estudio
Acima, O Expo.com por Cristiana e Mariana Mascarenhas
Com trabalhos criados exclusivamente para a Casa Cor Rio, Expo.com é um espaço expositivo informal, pensado para que artistas em residência do Instituto pudessem reunir suas obras, produzir, trocar ideias. Um ambiente que traça um paralelo, e homenageia, o vizinho Parque Lage, e seu conceito de “usina de ideias” imaginado por Rubem Gerchman. O artista, aliás, é homenageado em uma das obras expostas, criada por Orzi. Há ainda peças de Daniel Lannes, Hebert Sobral, Mulambo e Geleia. @cristiana.mascarenhas @mariana.voigt.mascarenhas – foto: @andrenazarethfoto
Acima, A Sala de Reunião por Ricardo Melo e Rodrigo Passos
A versão atual, criada por Ricardo e Rodrigo, simula uma sala de reunião de verdade para o instituto Brando Barbosa, que em breve funcionará na propriedade onde evento acontece. Segundo a dupla, o projeto é também uma proposta de home office no pós-pandemia, já que muitas pessoas não voltarão ao trabalho presencial nas empresas.
Como o espaço de 40m2 – incluindo a Galeria Brando Barbosa, também assinada pelos arquitetos – preserva elementos da arquitetura original da casa, em estilo neoclássico, eles resolveram assumir essas características e promoveram uma ocupação contemporânea, inspirada na arquitetura nórdica, que conjuga tons claros, simplicidade, funcionalidade, minimalismo e conforto. “Apenas usamos placas de MDF para esconder os azulejos originais das paredes porque queríamos deixar o ambiente mais clean”, pontua Rodrigo.
Na ambientação, a dupla apostou em móveis simples e na cor branca, com detalhes em dourado, para que o conjunto direcionasse o olhar dos visitantes para as coleções do acervo da casa. “Essas peças de acervo também nos inspiraram bastante, especialmente a belíssima coleção de opalinas da senhora Odaléa Barbosa, em tons de verde e azul, que ganharam lugar de destaque sobre a banheira esculpida em mármore Carrara, que já existia no espaço e pertenceu à imperatriz Teresa Cristina. Transformamos ela em um expositor nada convencional, com iluminação interna que irradia através das opalinas, criando um efeito cênico surpreendente”, conta Ric Melo. Outra curiosidade no décor é a luminária Мир, com luz de neon, lançamento da RicMelo Design que significa “paz”, em ucraniano. “Quis fazer um manifesto contra essa guerra absurda que ainda está em curso e nos deixa perplexos”, justifica ele. @ricmelo.rodpassos.arq – foto: @DenilsonMachadoMCA, do @mca_estudio.
Acima, O Refúgio Urbano por Up3 Arquitetura
Um refúgio de paz e acolhimento dentro de casa, perfeito para recarregar as energias e esquecer a vida agitada lá fora, com direito a fragrância desenvolvida exclusivamente para o ambiente e trilha sonora pensada para o visitante entrar logo no clima. Essa é a proposta do espaço projetado pelos arquitetos Cadé Marino, Thiago Morsch e Michelle Wilkinson, do escritório UP3 Arquitetura na varanda do segundo andar da casa principal da CasaCor Rio 2022.
Com 40m2 voltados para o exuberante jardim do terreno, o spa é uma espaço totalmente integrado, com de estar de um lado (ambientado com móveis da @TidelliRio e do @ArquivoContemporaneoOficial) e deque com banheira de imersão do outro. “Além da tradicional função de contemplação e convívio, nossa varanda foi transformada em uma zona de descompressão total. Para reforçar essa atmosfera relaxante, mergulhamos fundo na estética Japandi, que mistura a elegância tradicional japonesa com o aconchego escandinavo”, explica Cadé. “O Japão e a Escandinávia estão em lados opostos do mundo, mas têm muito em comum na simplicidade da decoração e no estilo discreto e minimalista”, acrescenta o sócio Thiago.
A decoração segue uma paleta de tons claros e terrosos e aposta em ambientes fluidos permeados pelo design orgânico, explorando ao máximo materiais que remetem à natureza, como pedra, madeira, argila, algodão, fibra natural e água. Outro elemento de destaque no projeto é, sem dúvida, o teto de muxarabi, feito com madeiras reaproveitadas de um edifício demolido. “Este recurso criou um efeito único de luz e sombra na varanda, que reforçou ainda mais a sensação de relaxamento e bem-estar que buscávamos”, finaliza Michelle. @up3arquitetura – foto: @DenilsonMachadoMCA, do @mca_estudio
Acima, O Bamˈbo͞o bar 箂 por Gisele Taranto
Imerso na natureza e totalmente inovador na história do evento, o Bamˈbo͞o bar 箂 celebra o retorno aos encontros presenciais e a liberdade, mas reafirma a importância da tecnologia, que cresceu muito e nos auxiliou durante a pandemia. Com lounge ao ar livre, exposições de arte, alta gastronomia e uma agenda cultural, o espaço ocupa a área da piscina. É cercado por belos jardins e um grande bambuzal, integrados à Mata Atlântica, com vista para o Cristo Redentor.
Gisele Taranto criou uma galeria de arte no Metaverso, especialmente projetado em parceria com Byron Mendes, CEO da Metaverse Agency. O acesso é feito através de um link disponibilizado no espaço ou externamente, para quem acessar as redes sociais da arquiteta. O espaço virtual, chamado Era do Plástico ou Pós-humano, é um manifesto pela proteção do meio ambiente. A galeria abriga uma exposição de arte generativa, também tem uma agenda cultural e podcasts.
O bambuzal inspirou o projeto e foi escolhido pela curadora Vanda Klabin e pelo artista Carlos Vergara para apresentar a exposição Olhar 2022 www.olhar2022.com, realizada com apoio do Consulado Geral do Brasil em Cantão, China e terá obras de arte digitais disponíveis em realidade aumentada. A abertura da exposição, dia 27/04/22 às 18hs, terá lançamento simultâneo no Brasil e na China
O espaço ocupa uma área de 714m² e foi setorizado levando em conta suas atividades – Piscina (com uma intervenção artística de Maritza Caneca), Lounge, Bambuzal, Jardins, Bar e Banheiros. A proposta do bamˈbo͞o bar 箂 é inserir o público em um espaço híbrido, se apresentando em três dimensões:
Presencial: o espaço físico foi projetado para uma experiência multissensorial. Além da natureza do entorno,oferece gastronomia, obras de arte e uma agenda de apresentações musicais.
Presencial integrada: os dois mundos – presencial e virtual – podem ser experimentados ao mesmo tempo no bamˈbo͞o bar 箂. Em meio ao bambuzal, totens de QR Codes permitem acessar pelo celular, em realidade aumentada, a exposição Olhar 2022, organizada por Carlos Vergara. Obras de arte holográficas demarcam as entradas do espaço. No lounge há óculos de realidade virtual para acessar um ambiente no metaverso. TVs expostas no bar e nos banheiros mostram NFTs de arte da exposição Olhar 2022. O espaço tem sua própria playlist no Spotify.
Virtual: Gisele Taranto criou uma galeria de arte no Metaverso, especialmente projetado em parceria com Byron Mendes, CEO da Metaverse Agency. O acesso é feito através de um link disponibilizado no espaço ou externamente, para quem acessar as redes sociais da arquiteta. O espaço virtual, chamado Era do Plástico ou Pós-humano, é um manifesto pela proteção do meio ambiente. A galeria abriga uma exposição de arte generativa, também tem uma agenda cultural e podcasts reafirma a importância da tecnologia, que cresceu muito e nos auxiliou durante a pandemia.
@giseletarantoarquitetura – Fotos: André Nazareth (@andrenazarethfoto)/ Curadoria: Vanda Klabin (@vandaklabin)
Acima, A Varanda do Chafariz por Anna Luiza Rothier
Projetada pela paisagista Anna Luiza Rothier, o espaço funcional a céu aberto, com 40m2, está ligeiramente protegido da chuva por ombrelones, que também poderá ser usado pelos visitantes ao final da CasaCor, já que a propriedade vai se tornar um centro de estudos e conferências. “Como a varanda é vizinha à copa funcional da casa, será o local perfeito para sediar coffee breaks durante palestras e cursos, conversas informais, lanches rápidos e até almoços para pequenos grupos”, acredita ela.
Segundo Rohtier, ao contrário do estilo majestoso da casa, a ambientação de sua varanda é descontraída e despretensiosa, farta em vegetação tipicamente tropical, em total sintonia com o life style carioca. Aqui, o jardim vertical foi criado propositalmente a partir de uma única espécie (jibóia) para contornar o desenho da imponente porta de acesso ao espaço, como se fosse uma hera. “Para destacar a vegetação em meio aos ombrelones, usei Helicônias, da família das bananeiras, e palmeiras Fênix, que são plantas bem altas”, pontua ela. “Também criei uma cerca viva, com espécies da mesma altura, para esconder o guarda-corpo frontal da varanda, em balaústres de concreto”, acrescenta.
Na paleta de cores do décor predomina o branco associado à madeira natural, com preto em alguns detalhes, deixando o colorido aparecer somente na própria vegetação, predominantemente verde. Os cachepots de coloração marrom que lembra aço corten foram criados pela própria paisagista, em diversos tamanhos, alturas e formatos geométricos. “Como esta varanda fica no segundo andar da casa, e não diretamente no solo do terreno, nosso jardim foi plantado em vasos. Para facilitar a movimentação das plantas no espaço, desenhei cachepots em fibra de vidro por se um material bastante leve”, finaliza Rothier. Já o mobiliário, próprio para área externa, foi fornecido pela Tidelli (@tidellirio). @annaluizarithier – foto: @DenilsonMachadoMCA, do @mca_estudio