Um casal na faixa dos 40 anos comprou este apartamento de 165m2, em Ipanema (zona sul do Rio de Janeiro), antes da pandemia e logo encomendou um projeto aos arquitetos Maurício Magarão e Alice Lindenberg, do escritório Magarão + Lindenberg Arquitetura (@magarao_lindenberg_arq). “Eles demoraram para encontrar um imóvel ideal, em tamanho e localização, mas perceberam logo no início que seriam necessárias várias intervenções para que tudo ficasse do jeito que eles queriam”, relata Maurício. “Eles nos pediram pelo menos três suítes, já que originalmente só havia uma, um closet generoso, uma banheira na suíte máster e ainda para otimizar o layout da área social, deixando-a mais ampla e funcional”, acrescenta a sócia Alice.
No projeto assinado pela dupla, todos os cômodos foram reformados e decorados, até mesmo o hall do elevador. Houve demolição de 100% das paredes do imóvel, deixando apenas sua estrutura exposta para que o layout da planta original foi completamente reconfigurado. “Praticamente, nenhum cômodo permaneceu na posição original. Criamos banheiros onde não havia, jogamos o quarto do casal para frente, aumentamos a sala em direção à cozinha, entre outras alterações”, conta Maurício.
Segundo Alice, um elemento fundamental no desenvolvimento do projeto foi a criação de um pórtico de marcenaria na área social, em tom verde claro, que hoje esconde um pilar estrutural (revestido em espelho bronze para desaparecer no contexto) e mimetiza diversas portas que se abriam para a sala – de acesso à cozinha, ao lavabo, à circulação social e ao apartamento. Sob este pórtico, o escritório projetou uma bancada gourmet multifuncional (de quartzito Taj Mahal), que serve de aparador ou bar e ainda tem espaço embaixo para guardar louças e abrigar uma cervejeira. “Esse conjunto de pórtico e ilha ajudou bastante a definir o diálogo com os demais elementos do projeto”, avalia ela.
Na decoração, basicamente é tudo novo. Ao mudar de apartamento, os clientes optaram por renovar todo o mobiliário, pois as peças antigas já não os atendiam bem ou passaram a ter dimensões desproporcionais aos espaços do novo apartamento. Na seleção dos móveis novos da área social, por exemplo, os arquitetos priorizaram peças brasileiras contemporâneas, de design assinado, sendo a maioria de madeira natural, com destaque para a poltrona Benjamin (de Sergio Rodrigues), a mesa de jantar Bank (de Jader Almeida), as cadeiras de jantar Omar (de Rejane Carvalho Leite), as banquetas altas Luisa (do Estudiobola) e a mesa de centro Archi (de Luia Mantelli). A madeira natural também está presente no piso de tacão em Tauari (paginado em espinha-de-peixe), no painel de folhas lisas e claras que reveste o teto, na base da bancada gourmet, na estante modular e no extenso banco desenhado pelos arquitetos que foi instalado sob a janela, ampliando consideravelmente os assentos em dias de festa, com direito a espaços de armazenamento embaixo.
No quesito “cores, materiais e acabamentos”, resumidamente, os arquitetos optaram por uma paleta neutra para transmitir conforto e tranquilidade, com muita madeira natural, cores suaves, alguns mármores claros e couros naturais.
“Nosso maior desafio neste projeto foi, sem dúvida, a redivisão do apartamento como um todo. Conciliar a estrutura existente com o programa e os desejos da família exigiu um verdadeiro quebra-cabeças espacial”, finaliza Maurício.
- Nome do fotógrafo: Juliano Colodeti, do @mca_estudio
- Produção visual: Lu Algarte (@lualgarte)