Nova coleção da Trama Casa será lançada com curadoria de Antonia Bernardes

Nesta quinta-feira, a Trama Casa – ateliê de cortinas, enxoval e decoração em geral comandado por Margarida Vianna e Carolina Calmon – vai lançar, em Ipanema, a coleção Encontros, que contou com a curadoria de Antonia Bernardes (filha do lendário arquiteto autodidata Claudio Bernardes que, por 10 anos, pilotou sua marca de moda autoral e atualmente dirige a área de interiores do prestigiado escritório Bernardes Arquitetura, no Rio).

Além de cinco modelos de vestidos criados por ela nos tons barbante, náutico, terra, nude, mostarda, goiaba e natural, confeccionados com os mesmos linhos macios e tinturados que a Trama Casa já usava para produzir suas peças, a nova coleção conta ainda com produtos exclusivos de parceiros queridos, amigos, também produzidos artesanalmente a partir de matérias-primas naturais.

Tem cerâmicas de Alice Felzenszwalb; objetos de madeira de Pedro Petry; sementes de Monica Carvalho e Klaus Schneider; conchas, flores secas, areia, pedras, galhos engarrafados por Sandra Gasparian; almofadas, cestos, cachepôs e cortinas desenvolvidas com tramas de rami por Raquel Coutinho; aquarelas de Lucia Koranyi; estandartes em linho branco com os manuscritos de Mana Bernardes (prima de Antonia); pinturas de Glaucia Leme que reproduzem o corte dos vestidos e as dobraduras dos linhos; e móveis de pequeno porte e objetos de fibra natural da Vimoso.

“Somos duas famílias essencialmente ligadas à estética, ao conforto da casa, à simplicidade do bem-viver. Duas famílias que têm muito a ver. Trabalhei com o Claudio Bernardes, pai de Antonia, ainda com a minha antiga marca, a Oficina 2. E sempre fomos muito parceiros, com uma linguagem em comum. Bom demais ver que essa afinidade foi herdada pelos filhos e atravessa gerações”, explica Margarida, que conta com a parceria de Carolina Calmon, sua filha e sócia da Trama casa.

A nova coleção fala de gerações, de trocas, de somas e afetos. Fala ainda de criadores e do artesanal, do simples e essencial. De histórias (e famílias) que se cruzam e saberes que driblam a globalização e sobrevivem através dos tempos – com total harmonia e elegância. E também de mulheres fortes, artísticas, guerreiras e empreendedoras.

“Aconteceram encontros deliciosos na criação dessa coleção. Cada parceiro se envolveu trazendo um saber artesanal e fui buscando costurar uma linguagem comum. Queria muito vestir gente e casa, desenhar para um universo mais amplo”, diz Antonia, que se empenhou em todas as etapas do processo, inclusive nas fotos de lançamento, que trazem como modelos ela e suas filhas (Nina e Maria), além de Margarida, Carol e Clara, a caçula da família Trama.

PARCEIROS DA COLEÇÃO ENCONTROS:

Acima, Alice Felzenszwalb / Cerâmicas: a ceramista Alice pilota um atelier no alto Jardim Botânico (em uma casa que foi compartilhada, nos primórdios, com o escritório de Thiago Bernardes), com foco especialmente em utilitários de linhas simples e arrojadas, que funcionam tanto na cozinha como na decoração. A ideia foi usar os diferentes tons do barro e deixá-los aparente, sem camadas de esmalte que escondem a textura. “Fizemos misturas sutis. Por exemplo, a jarra tem a alça em outro tipo de barro. Um detalhe quase imperceptível, mas que fica surpreendente”, explica Alice que criou copos, bowls, vasos, bandejas e fruteiras para a coleção.

Acima, Pedro Petry / Madeiras: utilizando madeiras de resíduos urbanos ou florestais, Pedro é um artista que combina mais de 300 espécies em sua xiloteca. Para cada peça, ele desenvolve uma forma única, escultural e, na maioria, se aproveita das imperfeições do material como um partido estético. Antonia, parceira (e admiradora) de longa data, fez uma curadoria no acervo de Petry, selecionando a coleção de canetas com diferentes cores de madeiras (que vem em uma caixa toda montada artesanalmente, só com encaixes), vasos, castiçais, bowls, uma mesa-banco (de madeira maciça com rodízios) e até um relógio de parede (verdadeira escultura).

Acima, Monica Carvalho e Klaus Schneider: designers e artesãos, a carioca Monica Carvalho e o alemão Klaus Schneider usam apenas matérias primas naturais em seu trabalho escultural. Experts no garimpo de catados, descobrem sementes, galhos, madeiras nativas, madrepérolas, escamas e transformam, sem cerimônia, esse arsenal em pura arte. Amantes assumidos da natureza, desenvolveram com Antonia uma linha de quadrinhos com base de linho (e caixa de acrílico) que emolduram sementes e pulseiras indígenas, além de um conjunto de vassouras decorativas, maxi cordões (para a mesa) e móbiles gráficos.

Acima, Lucia Koranyi / Aquarelas: estilista, ilustradora, pintora e historiadora, Lucia é uma artista do mundo, mas apaixonada por mato, pedras, mar. Pela natureza. Tudo o que vive e experimenta intensamente se torna inspiração para suas aquarelas. Como ilustradora, já colaborou para marcas de moda como Handred, Haight, Andrea Marques e Gilda Midani. Para Antonia, sua amiga e cunhada, desenvolveu uma série de pequenas e afetivas aquarelas, com cenas que recorta da natureza que a cerca por todos os lados.

Acima, Vimoso Móveis: banquetas, mesas e bandejas em vime trazem a assinatura da Vimoso, empresa que Antonia admira. Custódio, o dono da marca, topou o desafio de criar mesas e banquetas multiuso, algumas com estrutura de ferro e bandejas em vime, que podem funcionar como verdadeiros curingas em vários ambientes da casa. Da cozinha à sala, passando pelo escritório e quarto. O “xodó” da coleção Vimoso é a cadeira de praia em fibra de junco trançado, que fecha e vira uma bolsa. A ideia se inspira em uma miniatura que tinha na casa de praia de Claudio e Bebel, pais de Antonia. “Apenas reproduzimos em uma escala maior e ficou linda. É super prática, a cara do verão”, diz ela.

Sandra Gasparian /Si Poesia engarrafada: garrafas de vidro, conchas, flores secas, areia, pedras, galhos…. essa matéria prima “poética” é a base do trabalho de Sandra Gasparian, que veio da moda (por muitos anos desenhou acessórios para várias marcas) para trabalhar com decoração. Sua coleção de garrafinhas tem carinho e delicadeza – e as peças podem funcionar como divertidos castiçais.

Raquel Coutinho Leme / Rami: almofadas, cestos, cachepôs e cortinas desenvolvidas em rami se destacam na coleção desenvolvida por Antonia para a Trama casa. Fã da textura rústica do trabalho de Raquel, ela acompanhou de perto o desenvolvimento de diferentes tramas, incluindo uma bolsa, faixas (cintos) e um móbile de peixes. Aqui, a forma parece básica, mas todo o processo para chegar a esse resultado é extremamente artesanal e cuidadoso. “Foi um caminho longo até conseguirmos produtos que traduzissem essa essência quase caiçara, sem excessos, que eu tanto buscava”, arremata Antonia, que misturou ainda o rami com linho em almofadas de diferentes tamanhos by Trama.

Mana Bernardes / Manuscritos: estandartes em linho branco, com os manuscritos de Mana Bernardes – prima de Antonia – ,vão compor a coleção Encontros. Apaixonada por texturas naturais, Mana adorou a ideia de usar pequenos retalhos das cambraias para desenvolver peças artísticas, que trazem estampada a sua filosofia tão própria e emocionante de ser e viver.

Glaucia Leme / Pinturas: no traço de Glaucia Leme, o corte dos vestidos e as dobraduras dos linhos inspiram pequenas telas (27 x 22 cm, 40 x 30 cm), criadas especialmente para a coleção Encontros. Por muitos anos, Glaucia trabalhou como designer de moda e foi assim que o tecido – em todas suas formas – virou uma eterna paixão e matéria prima fundamental, que explora com conhecimento e intimidade. “A expressão corpórea e os planejamentos são fonte inesgotável de estudos. Aqui, a combinação de tons e o traço fluido que trouxe para as pinturas se inspiraram no conceito dessa coleção que celebra a vida, a dança, os encontros de tantas mulheres com alma livre, de artista”, arremata ela.