O caderno Rio trouxe em reportagem: “Arquiteto da Cidade Alta, área dos recentes confrontos entre bandidos, Giuseppe Badolato diz que seu projeto se desvirtuou, e que não imaginava a favelização do lugar. Caem lágrimas dos olhos azuis do arquiteto italiano Giuseppe Badolato quando ele pensa na Cidade Alta, no bairro de Cordovil, palco do último capítulo da guerra entre traficantes no Rio. Ele se emociona porque 50 dos seus 83 anos foram dedicados à habitação popular, e por ter sonhado com uma realidade diferente quando projetou, com uma equipe de oito arquitetos, o condomínio de 2.597 apartamentos espalhados por 64 edifícios de cinco andares, desde o ano passado no centro da disputa por território entre duas facções rivais.
— Éramos jovens, projetamos esses lugares com objetivo nobre, a gente vibrava. Com o tempo, o projeto se desvirtuou, os núcleos foram invadidos por pessoas irregulares e dominados por politicagem. O resultado é o que vemos hoje — diz Giuseppe, na casa onde vive com sua mulher, no Grajaú. — A Cidade Alta foi um marco por ficar a menos de 20 km do Centro, com estação de trem, escolas e centro comercial, e por ser um projeto vertical de habitação de interesse social. Cada prédio tinha um jardim em volta, as mulheres cuidavam, plantavam flores. Ontem (terça-feira), vi na televisão que os espaços de lazer foram ocupados por barracos. É triste.
O italiano, que começou a trabalhar no Brasil como alfaiate, antes de se formar arquiteto, foi contratado pela Companhia de Habitação (Cohab), fundada em 1963 pelo então governador, Carlos Lacerda. Pouco a pouco, chegou ao cargo de diretor da empresa, que mudou de nome e passou a se chamar Companhia Estadual de Habitação (Cehab) após a fusão dos estados do Rio e da Guanabara, em 1975”. Leia mais no jornal O Globo.
Fonte: O Globo/ Rio/ Por Caio Barretto Briso/ 04/05/17