Foram 14 horas de um gigantesco incêndio que destruiu parte de um dos monumentos mais célebres do mundo. A destruição causada pelas chamas na Catedral Notre-Dame de Paris ainda não foi oficialmente avaliada, mas parte de seus tesouros puderam ser salvos a tempo, como a Santa Coroa que, segundo a tradição católica, foi utilizada por Jesus Cristo antes da crucificação.
O incêndio teve início na segunda-feira (15) às 18h50 de Paris e só terminou nesta manhã de terça-feira(16) , graças aos esforços de 400 bombeiros. Apesar do trabalho intenso, parte da estrutura da Catedral Notre-Dame foi consumida pelas chamas.
Apelidada de “floresta”, devido ao grande número de árvores utilizadas para construí-la, a estrutura do telhado da igreja, que datava do século XIII, foi completamente destruída. Com uma centena de metros de comprimento e 13 de largura, o mais antigo da França, esta obra-prima da arquitetura não poderá ser recuperada.
Já a agulha da Notre-Dame, inaugurada em 15 de agosto de 1859, de autoria do arquiteto Eugène Viollet-le-Duc, desmoronou no início da noite de segunda-feira, diante dos olhos dos parisienses e turistas incrédulos, que acompanhavam a tragédia nos arredores do local. A estrutura de cerca de 500 toneladas de madeira e 250 toneladas de chumbo culminava a 96 metros de altura.
Dezesseis esculturas de cobre representando os 12 apóstolos e quatro evangelistas, que faziam parte da agulha, foram salvas por sorte. A catedral estava sendo restaurada desde 2018 e, há cinco dias, as estátuas foram retiradas para reparações.
O imenso órgão da Notre-Dame não foi queimado: “um milagre”, considerou um dos responsáveis pelo instrumento, Vincent Dubois, em entrevista à rádio France Info. No entanto, uma avaliação mais apurada de seu funcionamento será realizada em breve, garantiu.
Segundo os bombeiros, um pedaço da abóbada ruiu, na nave central da construção. O fogo queimou a base de madeira do teto de mais de cem metros de comprimento, conhecido como “o bosque” pelo grande número de vigas que foram utilizadas para sua instalação.
As chamas foram extintas após arderem intensamente durante 12 horas e se espalharem pelo ponto turístico. Uma porta parcialmente aberta da Notre-Dame permitiu observar uma pilha de escombros e algumas vigas no chão da catedral. Nas imagens do pós-incêndio, uma cruz brilhava de pé no altar da igreja.
Ao traçar um balanço da destruição nesta terça-feira, o porta-voz dos bombeiros celebrou a “preservação dos campanários, das duas torres e das obras”. Também ficou de pé a grande rosácea da fachada sul. A estrutura global foi preservada.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, informou que várias obras de arte haviam sido salvas. Ela publicou uma imagem das obras em segurança — entre elas, peças de mobiliário e lustres. Segundo o reitor da catedral, alguns cálices também foram retirados a tempo da igreja.
O procurador de Paris, Rémy Heitz, disse nesta terça-feira que não há indícios de incêndio criminoso. Os investigadores tratam o caso como acidente, possivelmente causado no bojo das obras de restauração da catedral. Se tais obras podem ter despertado as chamas, elas também garantiram a integridade das preciosas 16 estátuas que cercavam o pináculo, hoje destruído. As peças foram retiradas do local na última quinta-feira para serem restauradas.